quarta-feira, agosto 02, 2006

Finalizando...

Prof. Sandro, me vejo forçado a quebrar a promessa de parar com as perguntas, hehe.

Uma idéia que talvez não expressei com claridade nas últimas vezes, foi a de que a verdade absoluta jamais, jamais mesmo, será pronunciada por um cientista, pois não é nada científico dizer isso.
Ainda não li os artigos que você me passou, mas tenho noção disso.
"Se não podemos dizer que uma verdade é absoluta, como podemos dizer que há verdade absoluta?"
Algumas vezes vi essa pergunta, tentarei responder da seguinte forma:
O que os cientistas fazem é buscar modelos que expliquem de uma forma lógica os fenômenos. Quanto melhor o modelo, melhor para a ciência, e são vários os critérios que podem ser utilizados para ver se um modelo é melhor que outro, como você bem disse.
Um cientista que cria um novo modelo atômico, como ele poderia afirmar que o modelo dele é absoluto? Ele não pode, realmente, até porque outro cientista pode vir e descobrir que o modelo era incompleto.
No entanto, levando em conta que átomos existem, eles tem que existir de uma forma. O modelo que o cientista cria, tenta reproduzir essa forma na qual o átomo existe, no entanto, o cientista não sabe que forma é essa, ele tem que fazer experimentos que lhe deem informacoes suficientes para criar um modelo. Esse modelo provavelmente não será como o átomo é em si, pois o modelo foi criado pelo humano, mas o átomo não. O átomo existe de uma forma, essa seria a verdade absoluta, mas nós não podemos dizer que nós estamos falando a verdade absoluta, a verdade absoluta já está presente, sempre, as teorias dos cientistas, ou as supostas "verdades", são apenas temporarias, e essas verdades temporárias são criadas a partir de uma verdade que é absoluta.

Não é a toa que as teorias mudam, a compreensão do homem sobre os fenômenos se altera com o tempo, mas os fenômenos não, eles continuam acontecendo pelos mesmos motivos.
Não é o que o homem sabe da natureza que dita como a natureza funciona, pois o que o homem sabe se altera, mas a natureza não.
Ao dizer que a natureza não se altera, eu quero dizer por exemplo que a luz se propaga da mesma maneira que se propagava a 1000 anos atrás, mas o que nós sabemos sobre isso mudou muito.
Essa forma imutável de propagação é o que poderiamos chamar de verdade absoluta.

Mais um exemplo que talvez sirva para explicar essa ideia, digamos que nós dois lemos um livro até o fim, o mesmo livro, totalmente idêntico, e eu te digo que me decepcionei, pois o fim do livro é triste, e eu odeio finais tristes, mas você me diz que o fim do livro é feliz, e então, quem está certo?
Não da para saber, é como os modelos, o meu pode ser mais útil que o seu, mas não da para dizer que um é necessariamente mais certo que o outro.
Então, de que adiantou eu usar esse exemplo, já que ele não me ajuda em nada?
Ajuda, pois nós lemos o mesmo livro, mas você interpretou o final de maneira diferente da minha, nós somos os humanos, criamos nossas idéias, e elas podem se alterar com o tempo, mas o livro, e o que está escrito nele não, sempre continuará o mesmo.
No livro estava o escrito (o fenômeno), e lá estavamos nós (os cientistas), e também estava a verdade absoluta, mas nós não podemos saber qual é, só podemos nos conformar de termos cada um nossa própria idéia (ou nossa teoria, ou nosso modelo, no caso)

Mais uma vez poderiam perguntar, então de que adianta existir uma verdade absoluta se ela é inalcançável?
Ora, o horizonte é inalcançaável, e eu não vejo ninguém reclamando.
Pode parecer engraçada essa comparação, mas talvez seja algo do gênero

Gostaria de saber se dessa vez fui mais coeso e/ou convincente
Abraços

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Prezado Iam,
saudações.

De fato ficou bem claro. E mais coerente também.
Só penso que o termo "verdade absoluta" é que deveria ser abolido, pois dá sempre a idéia de algo que pode ser expresso em palavras, conceitos, definições, parece sempre com algo que podemos conhecer. Para continuar usando o termo como você o entende terá sempre que ficar "definindo" o que vem a ser "verdade absoluta". Podia achar um nome que não levantasse muita controvérsia. Certa vez em uma discussão em um blog eu usei o termo "a coisa em si" imaginando que não levantaria muita discussão mas estava enganado, uma das leitoras, mudou "a coisa em si" para "a verdade" e descambou para a mesma discussão.
É isso!
Um abraço!
Prof. Sandro

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